quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Ser mãe, longe da mãe

É difícil
Ser mãe longe da minha mãe é muito difícil. Destaco o "minha mãe" pq não posso fazer tal afirmativa como algo universal. De repente, pra alguém, ser mãe longe da própria mãe é um alívio, existem mães chatas, intrometidas de mais... mas não, minha mãe está no ponto!!!! Sei que assumir a maternidade longe da minha mãe é complicado, e ponto.
Acho que virar mãe com a ajuda da própria mãe é um rito de passagem. A mãe, que se torna avó, passa o trono à filha que se torna mãe. Ambas assumem novos papéis, ao mesmo tempo que mantém seus papéis antigos, de mãe e de filha. Essa mãe nova anseia cuidar e ser cuidada. Quando dá colo ao seu recém nascido ( no meu caso, no plural) deseja receber, também ela, um acalanto, um suporte que diz que tudo vai dar certo, um guia para a tranquilidade tão almejada, a figura da mãe serena ( que por sinal, não existe!!)
Essa mãe, que nasce junto com seu(s) bebê(s) quer ser apoiada, e é tão insegura que não aguenta críticas. A única intromissão tolerável é a da mãe ( talvez porque ela esteja longe?) ela sabe quando criticar e quando elogiar, e só ela pode fazê-lo com certo êxito.
A mãe não ensina a ser mãe. Ser mãe não é algo que possa ser ensinado. Você vive a maternidade enquanto filha e a reproduz enquanto mãe. Poder reproduzir essa maternidade (numa versão sempe mais avançada, é claro) perto da mãe é um grande barato. Lembrar e reelaborar momentos e transmití-los a diante, reviver certos afetos e poder se entregar como filha, como mãe, tudo junto e misturado.
Tem horas que a mãe só quer a mãe. Os filhos choram por colo e a mãe recorda da possibilidade de pedir colo.... A mãe(avó), que está longe, dá colo da maneira que pode, à filha e, consequentemente, aos netos.... E se faz sempe presente, mesmo distante, como uma "Avoz" que canta, alegra, abraça, ama.
Te amamos,
Mamãe, Vovó

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Andando com as próprias pernas

Não podia deixar de registrar e dividir um momento tão especial: A naná e o ioni estão andando.... Gente, como esse momento é mágico. Não somente pelo fato de estar muito próximo o dia de aposentar o trem (carrinho) de gêmeos, que é um trambolho, não entra no elevador, não cabe direito na calçada etc etc..... Mas pelo símbolo dentre outras coisas, de uma certa independência.
Ontem, no nosso passeio diário ( costumamos ir brincar num parque aqui perto de casa) resolvi levá- los a pé. Eu de mãos dadas com a Naná e a Maria com o Ioni. A Naná é muito rapidinha, então fomos na frente.... Quando olhei pra trás e vi aquele bebezão loiro, de boné e tênis, andando, sei lá, me dei conta de que não estávamos de carrinho e por mais que isso pareça super banal, me comoveu pra caramba. Eles não estavam andando em casa.... eles estavam andando, com suas próprias pernas, pelo mundo.... Meus bebês andando por aí, dando uma voltinha, sujando os sapatos que agora não são mais meros enfeites.
Devo assumir que "permitir" esse caminhar exige um certo desprendimento da mãe. Poderia restringir o andar deles só à nossa casa, (eles já estão andando dentro de casa há um tempinho, tipo 2 semanas) mas eles demonstram um desejo de sair do carrinho e acho isso muito válido. Se eles já sabem andar por que não permitir que andem na rua? É lógico que manter o bebê no carrinho por muito tempo é bastante cômodo para a mãe, tanto emocionalmente quanto na prática..... Não estou sugerindo aqui a ninguém aposentar o carrinho assim tão rápido.... mas de vez em quando acho que pode acontecer um certo desapego.
Passei a prestar mais atenção nos bebês que estão no carrinho, e levei um certo choque.... Gente tem umas crianças tão grandes andando de carrinho.... fiquei assustada.... Acho que essa atitude não é muito bacana nem  para  a mãe, que acaba não se dando conta das capacidades do filho, e nem para a criança, que acaba sendo muito infantilizada..... E vocês o que acham disso????
beijinhos


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sim, diga Não




Certa vez, uma mulher, dessas cheias de dicas sobre maternidade ( todos conhecem um ser dessa espécie), me disse : nunca diga não aos seus bebês, não é uma palavra muito forte, diga "ai ai ai". Nessa época eu ainda era ingênua e costumava responder, mesmo que muito finamente, e lhe disse: é forte, mas é necessária, e pensei: as vezes a vida é um grande não, será que ela não sabe disso???
Como mães temos a responsabilidade de preparar nossos filhos para a vida, para momentos em que ela se torna um grande não. Não estou falando aqui somente do fato básico de haver necessidade de darmos limites as crianças, isso é o óbvio. Mas além da obrigação de darmos afeto aos nossos filhos, temos de proporcionar, mesmo que inicialmente em doses homeopáticas, a experiência de frustração.
Sei que há um desejo de proteção muito grande por nossa parte.... as vezes queremos agarrar nossos filhotes e popupá-los de todo o mal que existe. A verdade é que não hé melhor jeito de poupá-los além de dizer não. Mostrar dentro de casa, num ambiente de amor e proteção, que nem tudo na vida são flores, é a melhor maneira de proteger nossos filhos de uma grande "quebrada de cara". Ensinar a vencer é mostrar que apesar dos obstáculos é possível erguer a cabeça e continuar a trilhar o caminho rumo ao objetivo, qualquer um que ele seja.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

as coisas boas da vida

maozinhas sujas de brincadeira
uma gargalhada gostosa
a respiração pesada de quando eles finalmente pegam no sono,
a carinha de quem acabou de acordar
me pega?
O choro que cessa com um olhar.
A risada que desata com a sua presença.
filho, filha, marido.
Uma música,
uma boa piada ( daquelas bem politicamente INcorretas)
comida boa, vinho bom, companhia boa.
Viver sem censuras
mae, pai, irmao, irma,
colo de mae
e até bronca de mae.
Avós, tios, primos, primas
família reunida
mais risadas
abraços, beijos, chegadas
partidas nunca ( partidas sao dolorosas)
nao ter de dar explicaçoes.
Um dia de sol,
uma água de coco,
dormir,
comprar, ajudar, dar
consumir
possuir e ser possuído
amar, amar muito
chorar com um filme
e viver uma semana com ele
rir de gente brega
falar futilidades
uma tarde de leitura
Fernando Pessoa
Backyardigans
um dia frio,
uma cama bem quentinha
Boa noite!