post corujão num sabádo a noite sem sono

3:20 da manhã.... todos aqui em casa estão dormindo... A naná até pouco tempo estava aqui no meu quarto, na rede, mas eu acabei de colocá-la no berço. Estou esperando dar 4:30 da manhã pra acordar todo mundo.... vamos pra sp...... Estou com insônia e desisti de dormir...... O blog é um ótimo passatempo pra essas horas solitárias.....

Yom Kipur foi bem legal, se é que podemos falar algo assim sobre esse dia. Foi legal não no sentido ordinário da palavra, mas por ter sido cheio de experiências bacanas, diferentes. O Rapha não estava em casa.... como ele reza na Shel que fica em botafogo, ele achou melhor ficar na casa dos pais deles pra não ter que andar... ( a caminhada de casa até lá é de uns 25 minutos...... ) eu fiquei aqui em copa com os bebês.  De noite fui na reza e depois voltei pra casa... a nana e o ioni ficaram com a babá... assim que cheguei empacotei os dois e coloquei eles na minha cama. Eram umas 9 horas, quando comecei a ler o livro Em HaBanim Smecha.... sempre quis ler esse livro.... Ele foi escrito na época do holocausto por um grande Rav: Rav Issachar Shlomo Teichtal... Em resumo, era membro de uma família de chassidim de tzantz, e descendente de uma ilustre familia de rabanim. Tornou-se rabino chefe de Pishtian, na então Tchecoslovaquia, aos 26 anos. Sempre se opos muito ao movimento sionista, mas num belo dia, quando os nazistas invadiram a hungria e ele se escondia num porão com mais 10 famílias enquanto ouviam os berros e os choros daqueles que não conseguiram escapar, fez uma promessa: escreveria um livro sobre a imporrância da volta a tsion, Israel. Começou a cumprir esse neder naquele mesmo instante e terminou a obra em 1 ano. Foi enviado a Aushwitz e sobreviveu ao campo. Faleceu como mártir. Quando as forças aliadas chegaram aos portões de Aushwitz os nazistas fizeram de tudo para os judeus sofressem até o último momento. Para isso, colocaram os judeus junto com prisioneiros ucranianos, que odiavam os judeus, em carros para transportá-los a um destino desconhecido. Depois de fazer suas vítimas passarem dias famintos, deram míseras migalhas de pão para cada um. Um dos ucranianos pegou a porção de um judeu, o vizinho do Rav Teichtal. Isso enfureceu o Rav que mandou o ucraniano devolver o que ele tinha roubado. Os outros passageiros imploraram para que ele não continuasse a insistir, pois isso podia lhe custar a vida, ele no entanto continuou com a sua decisão " Como eu posso deixar isso de lado quando a vida de uma pessoa depende dessa comida?". Essa decisão realmente lhe custou a vida, O Rav Teichtal Ztz"l foi assassinado pelos ucranianos, com a ajuda dos nazistas, após ser torturado cruelmente.  

Diante do horror do holocausto, o Rav Teichtal mudou sua posição, ele viu que o povo judeu precisava voltar a Israel para que sobrivivesse. Esse livro é sua herança, seu chamado para a união, para a redenção. É um chamado para o povo se conscientizar sobre a importância de Israel.

 É sem dúvida um livro muito forte, e pra mim, tem tudo a ver com  Yom kipur. A volta a Israel nada mais é do que uma Tshuvá coletiva do povo. Eu estava em casa sozinha, com os bebês na minha frente, lendo esse livro, em Yom Kipur, e tantos pensamentos me ocorreram... Qual é a herança que eu vou deixar pros meus filhos.... o que eles estão aprendendo comigo? O que nós podemos esperar do nosso povo? pra onde estamos indo? Dormi pensando em tudo isso.... Dormi com os meus filhos nos meus braços.... pensando no futuro deles.

Pra onde nosso povo está indo? Não sei muito bem..... Qual é a herança que esotu deixando pros meus filhos? Decidi criar um fundo de investimento para eles.... essa leitura nesse dia tão especial me fez tomar essa decisão. É um fundo de investimento intelectual, emocional. É um abraço a mais, um carinho significativo. É um ensinamento com mais afeto, uma atenção a mais. É um esforço redobrado para tentar me tornar uma pessoa melhor, uma judia melhor..... Pelos meus filhos, pelo meu povo. Para ser uma Em Habanim Smecha ( mão alegre de filhos) pelo meu trabalho, pelo caminho que meus filhos estão tomando..... mas esse caminho depende tanto de nós.... Afinal de contas, somos nós que encaminhamos nossos filhos para a vida.

Esse Yom Kipur foi legal no sentido da diferença. Foi meu primeiro Y"K como mãe... E agora a minha tshuvá não é mais por mim. E embora a insônia seja uma experiência solitária, ela nunca mais será a mesma.